Os tênis fazem parte da vida da maioria das pessoas, podem compor looks casuais, esportivos e até produções mais sofisticadas. Ao longo da história, foram símbolos de jovialidade, rebeldia, e conquistaram uma legião de fãs graças a lendas do basquete e do hip hop, que deram origem à cultura sneaker.
Criados para a prática esportiva, ainda no século 19, esses calçados se tornaram um verdadeiro estilo de vida no fim do século 20. Eles têm uma história interessante. Nasceram, basicamente, para a prática de esportes. Antes mesmo de tomarem a forma que se conhece atualmente, alguns marcos históricos foram importantes na trajetória desta peça.
O primeiro deles remonta à Grécia Antiga, quando os atletas dos Jogos Olímpicos pararam de andar descalços e passaram a usar sandálias de couro, para proteger os pés e garantir uma melhor tração com o solo. Isso ocorreu em meados de 776 a.C. e 393 d.C.
Dois irmãos alemães entraram na jogada nos anos 1920: Adolf e Rudolf Dassler. Surpreendentemente, as peças de borracha criadas por eles, que atraíram vários atletas, começaram a ser fabricadas na lavanderia da mãe. O competidor mais célebre a usar os calçados dos irmãos foi o corredor olímpico Jesse Owens, que levou quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de 1936.
Apesar do sucesso, a parceria entre os irmãos foi desfeita após um desentendimento em 1948, quando Rudolf lançou a Puma (1948) e Adolf, a Adidas (1949); uma junção do apelido “Adi” com as três primeiras letras do sobrenome Dassler. As etiquetas se tornaram rivais.
Nos anos 1960, a New Balance inovou com o primeiro par de tênis cientificamente testado, com comprovação dos efeitos na performance. Já a Nike, que começou como uma empresa de distribuição da Asics nos Estados Unidos, passou a produzir seus próprios calçados, a partir de 1964.
A ideia surgiu quando os fundadores, Phil Knight e Bill Bowerman, aproveitaram o café da manhã para fazer um experimento: derramar borracha em cima de uma forma de waffle. Ali, as "waffle soles" foram concebidas. Um estudante da Universidade de Oregon criou o logotipo "swoosh", enquanto o novo nome da empresa foi inspirada na deusa grega Nice (Nike, em inglês).
O salto dos tênis ganhou um tamanho maior no fim daquela década, assim como a parte que apoia o tornozelo, que se tornou mais reforçada. A marca queridinha dos corredores nesse período era a Adidas.
Considerado um marco na cultura sneaker, o então jogador de basquete Michael Jordan firmou parceria com a Nike em 1984, com a criação de sua própria linha de tênis. O primeiro lançamento, Air Jordan 1, chegou às lojas em 1985 e vendeu milhões de dólares só no primeiro ano. A partir dali, o atleta, que ainda era um novato, viu sua linha se transformar em objeto de desejo absoluto.
A parceria fortaleceu ainda mais a relação que já existia entre esportistas renomados e os tênis. Antes mesmo de Jordan, o também jogador de basquete Magic Johnson já era um grande parceiro da Converse. A Nike se tornou uma empresa bilionária nos anos 1980, graças à linha Air Jordan e também o sucesso dos Air Max. Naquele período, a Reebok lançou uma linha exclusiva para mulheres, batizada de Freestyle.
Atualmente, existem tênis para todos os gostos, possibilitando inúmeras possibilidades para o guarda-roupa feminino e masculino. Além disso, não há sinais de que a cultura dos sneakerheads, como são chamados os fãs de tênis, vai acabar tão cedo. Segundo artigo da Vogue Paris, existe uma projeção de 2018 indicando que esse mercado atingirá U$ 95,14 bilhões até o ano de 2025.
Uma das teorias sobre a palavra "sneaker", que vem do inglês, é que usava-se "sneak' para se referir à classe mais pobre dos Estados Unidos de forma pejorativa como ladrões ou suspeitos quando os calçados de solado de borracha se popularizaram por lá. Estes eram mais baratos que as opções de couro. Há também quem diga que o motivo foi o solado silencioso, que permitia se "esgueirar" (to sneak up, em inglês). Ou seja, sair silenciosamente de perto de alguém.